Borges

Ler Borges é um acto de loucura. A noção de infinito nunca foi tão palpável. No meio dessa queda vertiginosa pelo universo que se nos revela, nem tempo há para a total rendição. Não há tempo, ele já escoou todo para lá do agora... e repete-se ad eternum sempre igual, nunca igual, desdobrando-se nas inumeráveis possibilidades do que aconteceu, acontece e acontecerá, sendo que nem essas noções são precisas. Ler Borges é, finalmente, confrontarmo-nos com o desassossego de uma fatalidade, sendo que ela não tem rosto, não tem denúncia, e ela, no fundo, pode ser todas as coisas possíveis e todas as coisas impossíveis. Ler Borges é sermos transparentes e estarmos dentro de um cubo feito de espelhos.

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