O atraso, ai o atraso. Já escrevi sobre o conceito, sobre o enguiço do adiar e de como nos aliena subtilmente. Tenho lido sim. Aliás, na mesinha de cabeceira jaz o "A Gente de Smiley" lido de fio a pavio e com algumas notas para partilhar por aqui. Tal como "O Medo" de Al Berto, que vou lendo aos soluços. E agora, como anunciei noutros lugares, debato-me com o Moby Dick em inglês. Pura demência claro. Há noites atrás, quando Ismhael, ainda em terra, conhecia um estranho canibal com quem teve de partilhar cama, e eu, qual marinheiro perdido, lutava contra a torrente de vocabulário que me escapava, a luz do pequeno candeeiro fundiu. Assim, de repente. Em pleno Moby Dick, seriam umas duas da manhã, eu já encharcado de palavras desconhecidas para o meu inglês (pobre mas esperto), a luz foi-se e fiquei na escuridão com uma obra prodigiosa nas mãos. Pensei: "a morte deve chegar assim, nós sem entender muito do que se passa, mas apercebendo-nos de que deve ser algo de grandioso, e depois, de repente, o breu. Durma-se pois", pensei assim mesmo. Dá-me para isso.
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