sobra pouca coisa da tua poesia
revisitaste os cerca de seiscentos e oitenta poemas dos últimos trinta anos
voltaste a eles com a sede de sempre e saciaste-a como pudeste
estão feitos
organizados
sepultados finalmente em compêndios
já não são teus
(a prosa
essa ainda cavalga selvagem nas planícies adiadas)
o que resta de versos ou se perdeu ou não arde o suficiente para que te queime a alma
mas há o silêncio infinito do futuro por navegar
madrugadas como jangada
e palavras como naufrágio
resta-te embarcar ou fazer de conta