recontar cada instante de novo
acautelar instantes que se nos tenham escapado
e fazer as contas uma vez mais
pelos vistos
falta tempo ao tempo para explicar a existência de factos consumados
as palavras provavelmente são insuficientes ou limitadas
e as interpretações ganham vida própria
aliás
aviso
que cada leitura se faça por sua própria conta e risco
este é o acordo tácito da poesia
não culpem a voz nem lhe deem graças
os versos ficam órfãos a cada novo silêncio
são lobos solitários que uivam e uivam até a própria lua não caber mais no céu