não morrendo nunca, morrendo sempre

descontinuado nas formas de sentir
como se um outro sentir fosse mais moderno ou mais apropriado

mas artes há que não se atualizam

não se apaga um eco
ele esvai-se como pavio de vela que escurece
deixando um rastro de névoa que teima em desenhar raízes etéreas

o amor é uma árvore que voa
os ramos sendo asas
e tal como as árvores
o amor
morre de pé
voando
não morrendo nunca 

morrendo sempre

o permanentemente adiado

as promessas incontáveis que quebrou
amontoam-se a um canto da alma
como cinzas de um vulcão que invadiu uma casa abandonada

a voz que emudeceu por uma renúncia que ele próprio semeou

resta apenas o futuro
e assim sendo
sem passado nem presente
ele é o permanentemente adiado