faz ainda demasiado ruído o silêncio
por isso o outono não descansa
e contorce-se nos ventos irrequietos
nas chuvas intermitentes que se despenham
vindas do céu desmaiado de palidez
faz ainda ruído o silêncio adiado de um mar revolto
encorrilhado entre espuma e águas cor de chumbo
tricotando-se entre os calhaus negros
faz ruído o silêncio vazio das palavras
que insistes em cravar na imensidão da tua pórpria mudez
faz ruído o silêncio
pois ele é todo o barulho possível
na implosão de todos os sons
cataclismo de todas as sílabas
revés de cada sopro
rumor ou murmúrio