de lanço

de lanço
como que num impulso fazer a lua ser sol em plena noite e iluminar tudo de uma vez com um verso
colher o relâmpago que ziguezagueia nos teus olhos e beber-te pelos lábios sem que tenhas tempo de dizer palavra

teres-me ainda antes de eu poder inspirar
roubares-me o ar no antes de qualquer coisa
no antes do tudo

que a nossa rendição seja a mais violenta das paixões
que nos esgotemos em nós
mais do que juntos
fundidos
derrotados perante a vitória da nossa insanidade

sermos mil ventos a ressoarem pelos nossos corpos num vendaval de suor
sermos carnificina de afagos
para que das nossas carcaças possa o silêncio mais denso brotar quando nos abandonarmos ao sono

desfaçamo-nos para renascermos puros e lavados como uma manhã depois de uma tempestade

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