lobos

No céu, ao longe, gaivotas voam cortando nuvens e tons de azul. Sobre os telhados, existem lobos que esperam a noite. Uivam em silêncio, e esta aparente contradição explica-se pela lua invisível que não desponta. Esses lobos habitam em versos que eu não escrevi, e são a derradeira alcateia a velar sobre a poesia. Guardiães de palavras e do peso que estas carregam. Têm nos olhos todas as histórias de amor, todos os beijos e todas as vertigens da alma. Movem-se juntos pelos telhados das nossas casas e aninham-se em cantos de penumbra quando o sol queima ou em abrigos quando a chuva cai. Noites há em que o uivo deixa de ser silencioso e rasga todo o firmamento, vibrando pelas paredes do que somos e estilhaçando a nossa alma como quando cedemos a um abraço ou carinho.
Os lobos não se domam, são a ultima fronteira do que é ser livre e apaixonado. Os lobos são fogo, incêndio de vida, cataclismos permanentes, como lá nas profundezas do cosmos, quando as galáxias colidem.

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