A casa da avó

A casa da avó. Velhinha, a casa e a avó. Fez 93 anos no dia 1, a avó, a casa não sei quantos anos terá. Sei que já teve várias árvores à frente, foram morrendo de pé. Plantaram-se outras, está lá agora uma, magrinha e novinha, despida de Inverno.
A casa era do avô também. E era a casa de muitas tardes de férias entre pães com manteiga, leite achocolatado, primos e uma bola de futebol.
Não é a casa dos meus sonhos, é uma casa de sonho, cujas traseiras escondem uma passagem até ao mar. E é curioso que a passagem é uma ilha perdida numa viela ladeada de muros e musgo onde os gatos se esgueiram. É uma casa onde da casa-de-banho, se se for homem, vê-se o Gilreu a batalhar o Atlântico enquanto se faz aquilo que ninguém pode fazer por nós.
Mora lá a minha avó, velhinha, no quarto de cima, um quarto semeado de fotografias do marido, dos filhos, dos netos, da mãe, dos dela, dos meus, dos nossos.
Fez 93 anos no primeiro dia do ano.
 
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1 comentário:

MAR disse...

Lindos e vividos 93 anos da nossa querida Bibi.