A (minha) natureza

Provavelmente o que espantaria mais aqueles que me conhecem, seria eu cair numa certa forma de lamento ou pessimismo. Ou melhor, seria, eventualmente lamentando-me, chegar a uma conclusão de "desorgulho" e de desalento vazio. Não sei dizer de outra maneira.
A chuva destes dias (que nem é chuva típica daqui nem da Bélgica, onde eu conseguia desencatar um qualquer sentimento poético), o Porto longe do título, a Sophie Marceau sem aparecer, as páginas em branco sem "literatura" minha, uma constipação, a falta de tempo de leitura, o estado da economia, o Chile, a Madeira e o Haiti, a apatia do blogue, o aniversário por organizar, e com certeza mais "razões" seriam motivos suficientes para um mortal dizer algo como "puta que pariu". Os palavrões existem.
Mas eu, a minha natureza, a minha "doença congénito-espiritual", leva-me a outro patamar: ao do desalento sim, mas um desalento romântico, tipo "puta que pariu" tudo isto que me acontece é maravilhoso apesar de terrível.
No fundo, a sina, o fado, o que acontece, é uma chatice. Mas é uma chatice que me calhou a mim e não a outro. Não, não é uma aceitação resignada nem um encarar de desafio, é apenas o que é. Um nó cego. Alexandre o Grande resolveu bem uma questão parecida.
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1 comentário:

MAR disse...

Tudo isso prova que estamos vivos... Chatices, alegrias, destejos...